quinta-feira, 31 de maio de 2012

Filhos de professores leem mais?


Não importa o que se lê, mas o quanto se lê e desde quando se lê, pois mais desempenho terá aquele a que, na mais tenra infância, for apresentado ao universo mágico da leitura.

Segundo Gustavo Ioschpe em artigo para a Revista Veja, o nível educacional dos pais é apontado por pesquisas como o fator mais importante para o aprendizado das crianças. Sendo a escolarização dos pais mais importante do que a escolarização dos professores e do que qualquer outra variável ligada à educação, inclusive a renda dos pais – “um aumento de um ano na escolaridade dos pais tem impacto nove vezes maior sobre a escolaridade dos filhos do que o aumento de 10% da renda. Mais importante do que em que escola matricular nossas crianças é cuidar do que acontece dentro de nossas casas. Não que as escolas não importem, obviamente, importa e muito! Mas, o mais importante que os pais podem fazer, está dentro de casa, no dia-a-dia. Estar em contato e apreciar bens culturais, especialmente livros, são fundamentais. Viver em um ambiente em que o conhecimento é valorizado favorece o interesse pela leitura. Alunos que leem mais tem desempenho melhor, importando pouco o que leem livros, revistas, jornais, o acompanhamento dos pais em relação às tarefas de casa é também fator preponderante ao sucesso dos filhos.

Já a autora Ana Maria Machado em entrevista a Revista Educação fala que “o exemplo de casa é utópico. A maioria da população é carente, não teve contato com livro. Não se pode esperar que os pais sejam responsabilizados em servir de exemplo para os filhos. A escola é que tem a obrigação de fazer isso.” Embora concorde que pais que leem mais transmitam o hábito para os seus filhos, estes “ainda são minoria, não dá para colocar isso como política generalizada. A maioria não tem e não teve acesso a livros. Em relação ao professor que não gosta de ler, a autora entende que “gente que não gosta de ler não pode ensinar a ler”. E ainda, “funciona mais o exemplo do professor que lê do que exigir leitura como atividade em classe”. A valorização para o ato da leitura em nossa sociedade ainda é muito pequena. Um professor que se descobre leitor, que gosta de ler, vai recomendar isso ao seu aluno. “Quem gosta de ler está sempre falando de livro, recomendando leituras para outras pessoas, é algo que contagia e flui naturalmente”.

Para a autora Magda Soares em entrevista para o programa Salto Para o Futuro, Ler e escrever é um compromisso de todas as áreas do conhecimento. Há uma tendência em “julgar que cabe ao professor de Português ensinar e desenvolver habilidades de leitura e escrita”. Segundo a doutora, “essa competência, essa responsabilidade não é só do professor de Português, nem o professor de Português é inteiramente competente para desenvolver habilidades de leitura de um problema de Matemática, por exemplo. (...) não é o professor de Português que vai ensinar o aluno a ler um mapa, (...)”. Cabe aos professores das demais disciplinas desenvolver essas habilidades específicas de leitura e escrita também. Acrescenta ainda que “essa questão tem sido difícil, porque os professores de outras áreas que não Português não tem recebido formação na área de leitura, (...)” há necessidade de se introduzir na formação desses professores alguma formação na área de leitura e produção de texto para que eles pudessem trabalhar com isso.

Diante das opiniões apresentadas podemos concluir que, para que os filhos de professores sejam mais leitores, dependerá de como esse profissional se relaciona com a leitura. O hábito de leitura está relacionado às experiências que o leitor tem com esse universo. Se o professor não gosta de ler, não influenciará positivamente, seu filho, tampouco seus alunos. O inverso ocorrerá, se o professor for um apaixonado pela leitura. Exalará aos seus filhos, e também aos seus alunos, as emoções e sensações que uma boa leitura pode proporcionar.

Um comentário:

  1. Concordo com a autora Magda Soares quando diz que é responsabilidade de todos os professores ensinar habilidades de leitura e escrita. Penso que a proposta de Trabalho com Projetos em muito pode contribuir na medida que os instiga a pesquisar, sintetizar e produzir um novo produto sobre o que se investigou. Eu, enquanto professora de Educação Física sempre procuro incentivar meus alunos no mundo da leitura. Indico temas como esportes, saúde, qualidade de vida, etc... para que percebam que existem uma variedade de assuntos que podem despertar o interesse deles.

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