Não importa o que se
lê, mas o quanto se lê e desde quando se lê, pois mais desempenho terá aquele a
que, na mais tenra infância, for apresentado ao universo mágico da leitura.
Segundo Gustavo Ioschpe
em artigo para a Revista Veja, o nível educacional dos pais é apontado por
pesquisas como o fator mais importante para o aprendizado das crianças. Sendo a
escolarização dos pais mais importante do que a escolarização dos professores e
do que qualquer outra variável ligada à educação, inclusive a renda dos pais – “um
aumento de um ano na escolaridade dos pais tem impacto nove vezes maior sobre a
escolaridade dos filhos do que o aumento de 10% da renda”. Mais importante do
que em que escola matricular nossas crianças é cuidar do que acontece dentro de
nossas casas. Não que as escolas não importem, obviamente, importa e muito!
Mas, o mais importante que os pais podem fazer, está dentro de casa, no
dia-a-dia. Estar em contato e apreciar bens culturais, especialmente livros,
são fundamentais. Viver em um ambiente em que o conhecimento é valorizado
favorece o interesse pela leitura. Alunos que leem mais tem desempenho melhor,
importando pouco o que leem livros, revistas, jornais, o acompanhamento dos
pais em relação às tarefas de casa é também fator preponderante ao sucesso dos
filhos.
Já a autora Ana Maria
Machado em entrevista a Revista Educação fala que “o exemplo de casa é utópico.
A maioria da população é carente, não teve contato com livro. Não se pode esperar
que os pais sejam responsabilizados em servir de exemplo para os filhos. A
escola é que tem a obrigação de fazer isso.” Embora concorde que pais que leem
mais transmitam o hábito para os seus filhos, estes “ainda são minoria, não dá
para colocar isso como política generalizada. A maioria não tem e não teve
acesso a livros.” Em relação ao professor que não gosta de ler, a autora
entende que “gente que não gosta de ler não pode ensinar a ler”. E ainda, “funciona
mais o exemplo do professor que lê do que exigir leitura como atividade em
classe”. A valorização para o ato da leitura em nossa sociedade ainda é muito
pequena. Um professor que se descobre leitor, que gosta de ler, vai recomendar
isso ao seu aluno. “Quem gosta de ler está sempre falando de livro, recomendando
leituras para outras pessoas, é algo que contagia e flui naturalmente”.
Para a autora Magda
Soares em entrevista para o programa Salto Para o Futuro, Ler e escrever é um
compromisso de todas as áreas do conhecimento. Há uma tendência em “julgar que
cabe ao professor de Português ensinar e desenvolver habilidades de leitura e
escrita”. Segundo a doutora, “essa competência, essa responsabilidade não é só
do professor de Português, nem o professor de Português é inteiramente competente
para desenvolver habilidades de leitura de um problema de Matemática, por
exemplo. (...) não é o professor de Português que vai ensinar o aluno a ler um
mapa, (...)”. Cabe aos professores das demais disciplinas desenvolver essas
habilidades específicas de leitura e escrita também. Acrescenta ainda que “essa
questão tem sido difícil, porque os professores de outras áreas que não
Português não tem recebido formação na área de leitura, (...)” há necessidade
de se introduzir na formação desses professores alguma formação na área de
leitura e produção de texto para que eles pudessem trabalhar com isso.
Diante das opiniões apresentadas podemos concluir que, para que os filhos de professores sejam mais
leitores, dependerá de como esse profissional se relaciona com a leitura. O hábito
de leitura está relacionado às experiências que o leitor tem com esse universo.
Se o professor não gosta de ler, não influenciará positivamente, seu filho,
tampouco seus alunos. O inverso ocorrerá, se o professor for um apaixonado pela leitura. Exalará aos seus filhos, e também aos seus alunos, as emoções e sensações que uma boa leitura pode proporcionar.
Concordo com a autora Magda Soares quando diz que é responsabilidade de todos os professores ensinar habilidades de leitura e escrita. Penso que a proposta de Trabalho com Projetos em muito pode contribuir na medida que os instiga a pesquisar, sintetizar e produzir um novo produto sobre o que se investigou. Eu, enquanto professora de Educação Física sempre procuro incentivar meus alunos no mundo da leitura. Indico temas como esportes, saúde, qualidade de vida, etc... para que percebam que existem uma variedade de assuntos que podem despertar o interesse deles.
ResponderExcluir